domingo, 28 de fevereiro de 2010

Salvem a Billings



LEI DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS COMENTADA

A preocupação com a proteção aos mananciais surgiu já na primeira versão do PMDI - Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado, no início da década de 1970. Isso se deu em função da grande concentração urbana que surgia em cabeceiras de bacias hidrográficas (nascentes) e devido a ocupação desordenada em torno de bacias existentes, como são os casos das represas Billings e Guarapiranga. Um dos idealizadores do Plano de Proteção aos Mananciais, que se transformaria em lei, foi o engenheiro sanitarista, Rodolfo Costa e Silva. Em certa ocasião, numa palestra proferida na Câmara Municipal de São Caetano do Sul, o renomado professor da Universidade São Paulo (USP), geógrafo Azis Ab'Saber, afirmou que; "se não protegermos o manancial Billings e a Serra do Mar, daqui há alguns anos, teremos que construir um elevador Lacerda, ligando o ABC à cidade de Cubatão", numa alusão ao elevador existente na Bahia, que liga a cidade alta com a cidade baixa. Mesmo tendo a lei a protege-lo, o manancial Billings vem sendo ocupado de forma desordenada. Quem se dirige de carro de São Paulo para a baixada Santista pela via Anchieta, poderá observar que os morros em frente à Volkswagen do Brasil estão cada vez mais ocupados. Essa mancha urbana já se aproxima da represa e justamente na parte limpa, já que em 1982 a Billings foi compartimentada, junto à ponte da Anchieta, separando a parte suja (que recebe os esgotos dos rios Pinheiro e Tietê) da parte limpa, que abastece São Bernardo do Campo, Diadema e parte de Santo André, onde nasce os rio Grande, antigo rio Jurubatuba, principal formador da parte limpa da represa. O PMDI era bem intencionado pois previa uma ocupação direcionada no sentido Leste-Oeste (São Miguel Paulista/Itaquera/São Mateus). Os técnicos previam que ocupando-se essas áreas, que eram baratas, estariam preservando a Serra da Cantareira e as represa Billings e Guarapiranga. Os técnicos só não contavam com uma coisa; a rotatividade de mão de obra nas indústrias do Grande ABC que acabaram levando ao desemprego milhares de trabalhadores e conseqüentemente "expulsando-os" para a periferia do ABC (mananciais), já que esses desempregados, não podendo pagar os seus aluguéis, acabavam, induzidos ou não, a ocuparem as margens da Billings, ou os morros ao lado das vias Anchieta e Imigrantes. No papel as leis que deveriam proteger os mananciais funcionam maravilhosamente bem, mas na prática elas são desrespeitadas. São portos de areia, fábricas poluidoras, cortes de madeira para padarias, pizzarias, extração de espécies nativas em extinção, queimadas, aberturas de ruas e uma infinidade de contravenções que se flagradas acabam parando na mesa de algum burocrata de plantão. Mesmo aqueles lotes comprados dentro dos parâmetros legais, ou seja, com metragens de 500, 1.000 m², ou mais, acabam com o passar dos anos, com a morte do proprietário ou outro motivo qualquer, sendo desmembrados pelos herdeiros do falecido. É um filho que casa e quer casa e como o terreno é grande e o coração de pai é maior, a lei fica para um plano secundário. O prefeito Lauro Gomes, na década de 1950, dizia que gostaria de transformar o bairro de Riacho Grande numa "Suíça brasileira", já que ao redor de alguns lagos suíços existem habitações de alto luxo, todavia, no Grande ABC temos exemplos de que isso, também não dá certo. O bairro do Eldorado, em Diadema, até por volta de 1960, era o recanto de estrangeiros por ser um local agradável. Havia bons restaurantes, estaleiros que fabricavam barcos e até um cinema. A idéia de transformar o entorno da Billings num lago suíço só não contava com uma coisa; aqui nós temos brasileiros e não suíços para morar próximo às represas. Nos finais de semana o braço da represa Billings, que chegava até à frente da igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, ficava repleto de barcos e lanchas. O próprio nome do bairro "Eldorado", significa, a terra sonhada. As chácaras dos alemães, austríacos, espanhóis, entre outras raças se espalhavam em torno da represa. Com o passar dos anos, com a deterioração da represa e com a perda do poder aquisitivo de muitas famílias que cresciam, as áreas foram sendo desmembradas pelos herdeiros ou vendidas para os ditos movimentos, ou quadrilhas travestidas em associações de moradia, que fatiavam e destruíam grandes áreas preservadas. Num país de terceiro mundo, com muita miséria e completamente dependente, é muito arriscado querer transformar o entorno da Billings numa Suíça. Quando a Light comprou os terrenos que seriam inundados com a água para a formação do reservatório Billings, agiu única e exclusivamente, de acordo com seus interesses. Todo o entorno da represa Billings, que se encontra dentro dos mananciais deveria ter sido desapropriado quando da construção da represa, porém como para a empresa canadense Light o que interessava era somente o líquido represado, sujo ou não, para girar as turbinas da usina de Cubatão (Henry Borden), a mesma pagou somente as desapropriações das áreas inundáveis. O ideal seria que as nascentes da Billings também fossem desapropriadas e preservadas e isso poderia ter sido feito pelo governo, caso o mesmo tivesse uma visão de futuro. Na opinião de vários ambientalistas a única forma de se preservar o que resta de mata e nascentes em volta da Billings, seria a transformação dessas margens em parques - estadual ou municipais, já que a fiscalização em torno do cumprimento das leis são ineficazes, pois quando a Polícia Florestal está com carro, não tem combustível e quando tem os dois não tem equipe para fiscalizar e aí fica aquele jogo de empurra-empurra, onde o Estado diz que a prefeitura tem responsabilidade na fiscalização, pois a área fica no município e o município diz que a lei de proteção é estadual e que portanto compete ao estado fiscalizar. Com a criação do Sistema Integrado de Fiscalização e Controle Ambiental da Bacia Hidrográfica do Reservatório Billings, nascido a partir da criação pelas prefeituras do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e do Subcomitê Billings/Tamanduateí, que é composto por vários segmentos sociais, governo estadual e municipais, a perspectiva de preservação da represa aumentou. Todavia, ainda assim, o que se vê é uma falta de estrutura medonha. Conta-se nos dedos os técnicos dos governos, tanto estadual quanto municipais, envolvidos e como a maioria dos representantes de ONGs, não dispõem de tempo integral para fiscalizar, a coisa caminha a passos lentos, já que as ONGs quando conseguem verba priorizam projetos de educação ambiental, deixando a fiscalização para os governos, o que é o certo. A Lei de Proteção aos Mananciais, autoriza que até indústrias se instalem nessas áreas, desde que as mesmas não sejam poluidoras, todavia, os ambientalistas entendem que a implantação de indústrias nos mananciais acabam criando vetores ocupacionais, isto é, ao redor destas indústrias formam-se cinturões ocupacionais. Apesar das leis não garantirem a preservação dos mananciais, ela veio em boa hora, ou melhor, tarde demais, porque se essa lei tivesse sido criada no início da década de 1940, algumas indústrias poluentes não poderiam ter sido instaladas em área de manancial. Há produtos produzidos por indústrias instaladas nas bacias Billings e Tamanduateí, que são altamente tóxicos e constantemente tem vazado provocando a mortandade de peixes. As ocupações nos mananciais são permitidas de acordo com a categoria da área. Os locais com declividade acentuada não devem ser ocupados, como as áreas com florestas ciliares (matas que protegem os corpos d'água, daí o nome ciliares, que vem de cílio que protege os olhos), assim como charcos, brejos, nascentes,etc. As ocupações indevidas às margens da represa não trazem somente os problemas gerados pelos esgotos que caem diretamente no reservatório Billings. Essas ocupações acabam recebendo "melhoramentos" prejudiciais à área, como o asfalto, que acaba impermeabilizando o solo, fazendo com que a água da chuva que deveria penetrar no solo, lave o bairro, levando para a Billings toda a sujeira do local, que recebe o nome técnico de cargas difusas, já que é comum os moradores desses locais jogarem todo tipo de sujeira nos terrenos baldios, ou bocas de lobo próximos de suas residências. Por tudo isso, esperar que leis protejam esse rico manancial que é a represa Billings é acreditar em conto de fada, já que não podemos retirar dessas áreas (Seria ideal, mas não possível neste momento) milhões de pessoas. Que ao menos se desenvolva um trabalho permanente de educação ambiental junto à essas comunidades, num processo que alie educação e sensibilização, isto é, que faça a comunidade se inserir no processo e que essa comunidade não seja mera espectadora. Que se alie a panfletagem ecológica à educação, pois enquanto existirem, "meia dúzia" de ecologistas defendendo a Billings, ela estará perdida, pois o outro lado é bem mais que "uma dúzia".
fonte:www.abcdaecologia.hpg.ig.com.br
<

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A Amazônia é deles por Said Barbosa

Estava fuçando no site http://www.clubemundo.com.br/revistapangea/show_news.asp?n=129&ed=9 e achei esse site muito interessante.
/3/2002 A Amazônia é deles

Por Said Barbosa Dib*Este ano haverá mais uma mega-conferência internacional sobre meio ambiente, marcando dez anos da Eco-92. Como sempre, a mídia dará ênfase às queimadas “ciclópicas” na nossa Hiléia, o “besteirol” verbal será aberto e se assistirá à velha cantilena em torno dos mitos e tabus conhecidos. Cientistas dirão que o efeito estufa está derretendo o mundo, as ONGs sacudirão as sacolinhas e destacarão a necessidade de autonomia e preservação da cultura dos nossos autóctones, a CNBB fará campanha para ajudar a preservar o que já ajudou a destruir. Ecologistas, mesmo financiados pelo sistema financeiro mundial, dirão que a humanidade tem que consumir menos, e os pobres reclamarão que precisam consumir mais, ou passar a consumir pelo menos o mínimo. O mundo dirá que a riqueza biológica das florestas tropicais precisa de proteção, e os militares patriotas, isolados, responderão que a Amazônia é nossa. Esta Amazônia das manchetes jornalísticas é um lugar muito longe do Brasil real, mas já começa a ter uma aparência cada vez mais familiar aos nossos gostos de classe média consumista voltados para a imbecilidade hollyoodiana. Cada vez mais vemos louros de olhos azuis, entidades internacionais, missionários evangélicos bondosos, mercenários abusados da CIA e DEA, traficantes medicinais, cientistas preocupados e coisas afins, no pedaço. Um desses locais fica em Roraima, região potencialmente riquíssima, na fronteira com a Venezuela, onde vivem os índios yekuana.Segundo os ecoterroristas de plantão, os yekuana estão se sentindo mais fortalecidos agora, devido a sua maior aproximação da parte venezuelana da tribo, e também com uma ajudinha de alguns amigos europeus (que ninguém nos ouça!). Eles acabam de se tornar os primeiros índios brasileiros a conseguir uma rede de rádios por seus “próprios” meios, junto à Anatel. Trata-se de um povo que mantém o difícil equilíbrio entre sua cultura tradicional e os artifícios da vida moderna. Falando sua própria língua, mas sempre com bons intérpretes, eles levantaram recursos com a ONG internacional “Amigos” da Terra e alimentaram a burocracia de Brasília com a papelada (seria propina?) necessária para a legalização da rede de rádio. Da fiscalização do território ao fortalecimento dos seus laços familiares, a rádio dos yekuana é, aparentemente, um capítulo da verdadeira preservação da Amazônia. Mas, se formos um pouquinho menos ingênuos, veremos que a coisa não é bem assim. A comunicação à distância torna as fronteiras nacionais algo ainda mais abstrato na vida desses índios de Roraima, como foi para os kosovares da fragmentada Iugoslávia. "Os Yekuana descobriram o rádio como instrumento para tratamentos xamânicos à distância", conta o “imparcial” antropólogo Marcelo Piedrafita Iglesias, coordenador do Projeto Rádio Amazônia da Amigos da Terra. A convivência com esses índios, vizinhos quase desconhecidos dos famosos ianomâmi, revelou a Iglesias a essência do seu caráter: “são alegres entre si, mas extremamente sérios e objetivos nos contatos com o resto da sociedade; mostram grande capacidade de articulação política, mas nunca abrem mão da autonomia”. É interessante notar nos comentários do eminente estudioso a insistência na questão da autonomia. Essa índole independente fica clara , sim!, num dado curioso: os yekuana sempre resistiram às investidas das ONGs da Amazônia. Mas, atualmente, esta resistência vem sendo minada através de uma atuação milionária mais ostensiva por parte das forças internacionais.Os yekuana firmaram-se na região como bons produtores de canoas, seu trunfo principal nas operações de escambo. Mais recentemente, influenciados pela insistência de grupos missionários e entidades estrangeiras “humanitárias”, farejaram as maravilhas da tecnologia, desenvolvendo grande intimidade com o uso de placas solares e baterias (obtidas na Venezuela por contrabando. É claro!), conjunto utilizado sobretudo para iluminação de caçadas e deslocamentos noturnos. Com a eletricidade, entraram na era da TV e antena parabólica, voltadas, curiosa e principalmente para canais estrangeiros. Nunca assistem a “Casa dos Artistas”, mas são familiarizadíssimos com a CNN.Com toda essa atualização, esse pequeno povo (400 indivíduos do lado brasileiro, 4,8 mil no venezuelano) mantém praticamente intocados os valores e alicerces da sua cultura, dizem os representantes da Amigos da Terra. Mas, obviamente, apenas no que interessa aos seus “bem feitores”, pessoas sob uma forte presença dos pressupostos dos valores anglo-americanos e suas “preocupações humanitárias”. Além da fidelidade total à língua (mas já se arriscando nos rudimentos na língua anglo-saxã), conservam, por exemplo, a sua ritualização da morte. O rádio era o que faltava nessa alquimia. Um instrumento tecnológico que, para os yekuana, funciona, por um lado, principalmente como fator de união das famílias, guardiães da tradição. Por outro, um elemento óbvio de coesão entre tribos dos dois lados da fronteira, forjando-se uma certa identidade nacional (ou tribal) que, por enquanto, não existe. Tribos que nunca ou quase nunca se encontravam, que teriam apenas traços lingüísticos e tradições gerais em comum - só vistas nas mentes dos estudiosos de universidades dos países desenvolvidos ou suas filiais daqui – começam a se achar apenas diferentes do que os cerca. Porém, como a coisa vai, se depender dos estrangeiros que ali estão, com seu senso cristão “altruísta”, logo o MacDonald´s se estabelecerá na região, talvez com uma nova iguaria “politicamente correta”, com o sugestivo nome de MacYekuana´s, pois se a economia de subsistência dos índios permite consumir antenas parabólicas, porque não poderiam consumir hamburges? Aliás, na aldeia de Auaris, em dezembro, assistiu-se a uma cena linda: famílias caçando a tempo de defumar a carne e preparar o rancho para a chegada de parentes venezuelanos no Natal. Com Papai Noel, Coca-Cola e tudo mais, o encontro fora marcado pelo rádio. Da mesma forma circulam as informações sobre festas, casamentos e mortes, além de campanhas contra tudo que lembre os não-yekuanos, como os pobres caboclos brasileiros, por exemplo. Exceção, é lógico, para os guardiões das ONGs amigas. Há ainda celebrações ancestrais, como o ritual da moça nova (entrada na puberdade), mas em dezembro passado o rádio estava servindo para a montagem de um grandioso ritual de outra espécie: um campeonato de futebol, reunindo yekuanos do Brasil e da Venezuela. Seria este um torneio nacional ou internacional? Fora da Amazônia das manchetes de jornais e dos diplomatas, esta seria não uma bela confraternização internacional sob os olhares emocionados dos bondosos filantropos estrangeiros, mas o início da montagem de um projeto geopolítico safado que irá forjar, em breve, um Estado nacional sob o controle das ditas ONGs.No Brasil dos imbecis de plantão e dos desavisados, o campeonato não seria uma confraternização nem internacional nem brasileira, seria apenas única e exclusivamente a Copa Yekuana – única modalidade (esportiva, geográfica ou cultural) em que a Amazônia tem futuro. Para quem tem um pouquinho de tutano, no entanto, seria o primeiro passo para a transformação daquela região brasileira num quintal das potências estrangeiras, como um grande “zoológico” humano internacional, um jardim para a juventude ecologista de gringos ou, talvez, escancarando logo, uma dispensa de reservas estratégicas para a cozinha do capitalismo internacional. Mas, brincadeiras aparte, sejamos realistas. Esse interesse pela Amazônia ficou evidente e ampliou as ameaças à soberania brasileira, principalmente depois do serviço aerofotogramétrico realizado pelo Projeto Radam e de certa forma agressivo, com o advento dos satélites, que constataram, através de fotos, as potencialidades da região, considerada, hoje, a última e mais rica fronteira econômica do planeta. Isso foi o suficiente. Logo a Amazônia virou assunto na imprensa internacional. E, com tal assiduidade, que nos últimos anos ocupa, obrigatoriamente, o noticiário dos jornais e televisões do mundo inteiro. Haja vista o tema que foi o elemento de desempate na recente campanha presidencial da maior potência do Mundo, quando sabemos que os votos potenciais do candidato do Partido Verde roubaram eleitores do democrata Al Gore, o que permitiu a vitória de Bush por uma mínima e duvidosa diferença. Uma diferença tão pequena que fez Al Gore e Bush se comprometerem cada vez mais nas campanhas com um discurso voltado para as ONGs, envolvidas até as entranhas com a questão amazônica.Há muito este tipo de noticiário, falso e mal intencionado, vem projetando no mundo uma imagem distorcida e irreal da região, onde viveriam homens que destroem a natureza, matam índios e ofendem o ecossistema da maior reserva biótica do Mundo. A essa campanha externa de desinformação juntam-se entidades brasileiras, inocentes úteis, hipporongas “bem intencionados”, “alternativos”, “idealistas”, missionários aculturalizantes ou mercenários de movimentos ecológicos, quase sempre formados com isenção fiscal dada pelo Governo e financiados pelas transnacionais, para falarem mal do nosso País. Uma campanha espúria cujo objetivo principal é claramente evitar o povoamento efetivo da Amazônia por brasileiros, deixando a região vazia, sem o incômodo de futuras resistências da sociedade civil brasileira às investidas bélicas estrangeiras. Ou seja, querem ter certeza de que a Amazônia não será um novo Vietnã. Campanha ridícula e tendenciosa que, além de ofensiva à soberania de um país e a dignidade de seu povo, não vem encontrando do governo brasileiro qualquer reação. Essas esfarrapadas manifestações de piedade internacional pelo indígena brasileiro e pelos animaizinhos amazônicos, escondem o desejo de criação de Nações Indígenas na Amazônia a serem administradas por grupos religiosos ou pela ONU, tudo em nome de projetos “humanitários”. Principalmente agora que a arrogância dos membros da OTAN não tem mais freio, ao intervirem no Kósovo sem a sanção do Conselho de Segurança da ONU; principalmente depois que abriu-se um perigoso precedente no Direto Público Internacional com a prisão do general Pinochet há alguns anos, numa afronta absurda à soberania do Chile; ou o atual linchamento de Milosevic em Haia. Fatos estes que fortalecem posições jusnaturalistas que advogam um ignominioso Direito metafronteiriço que transcenderia a soberania das várias Nações-Estado. O discurso atual de “intervenção humanitária”, que pode potencialmente ameaçar a nossa soberania na Amazônia - como no caso do Kósovo e do Iraque -, apesar de seu cunho ideológico “politicamente correto”, toma uma dimensão intervencionista e ameaçadora ao ser utilizado para fins de defesa dos interesses geopolíticos das nações hegemônicas, na medida em que as potências ocidentais se aproveitam da falta de jurisprudência internacional que solucione tal contradição.A despeito de teóricos simplistas ou engajados na causa norte-americana, em pretenderem provar o contrário, os fatos demonstram que a estrutura do Direito Internacional Público está em frangalhos diante da prepotência, arrogância e irresponsabilidade norte-americana ante a geopolítica internacional nos últimos anos, principalmente depois de 11 de Setembro. Ela não vale, a continuar a subserviência da comunidade internacional aos norte-americanos, absolutamente nada.As intervenções em países como a Iugoslávia, o Afeganistão e o Iraque não são uma questão de intervenção humanitária regida pelo Direito Internacional, é uma questão de força bruta, descarada, violenta e ilegal. Deixemos de ingenuidade, por essas e por outras, a Amazônia está por um fio, seremos a bola da vez se não tomarmos providências.O que é pretendido, na verdade crua e nua, é a preservação ecológica da Amazônia, como forma de ´´ congelar`` a região, impedindo assim sua exploração mineral, pelo menos enquanto o Estado brasileiro for o dono. Como desde o final da década de 40 há uma desnacionalização dos veículos de comunicação no Brasil, a imprensa amestrada de hoje faz coro na defesa das teses internacionalizantes que ameaçam a nossa Soberania. Diante de qualquer esboço de que o governo brasileiro possa passar a realmente se preocupar com o desenvolvimento da Amazônia, as reações das forças internacionais e de seus comparsas daqui são violenta e prontamente acionadas. O Greenpeace, por exemplo, é o caso mais sintomático. Em novembro de 1990, entregou ao deputado estadual "verde", obviamente do PT, Carlos Minc (PT-RJ), e ao então procurador-geral da República, Gustavo Tepedino, cópias do chamado "Relatório Netuno", um exaustivo e nada científico levantamento sobre acidentes envolvendo bielonaves nucleares. A intenção era obviamente utilizar as informações tendenciosas do relatório em eventuais ações judiciais contra a presença de tais bielonaves em águas brasileiras. É a partir daí - é bom que se diga - que começou a transformação de alguns setores do Ministérios Público e de setores do Judiciário em verdadeiros instrumentos dessas organizações não-governamentais na manipulação de resultados de ações que se relacionem ao meio ambiente e ao desenvolvimento nacional, sempre em benefício de uma política que inviabilize o desenvolvimento do País (Isso, aliás, vem sendo objeto de investigação da CPI da ONGs no Senado).Mas, o que está por trás desta e de outras entidades tão "politicamente corretas", tão voltadas para a felicidade e o bem estar da humanidade? Quais são suas fontes de financiamento, quem cria suas estratégias, a quem estão ligados e quais setores estratégicos que os direcionam e por quais razões? Este internacionalismo humanista "espontâneo" foi conseqüência de idealismo de "maluquetes" hypporongas dos Anos 60, preocupados com a Paz e o Amor, ou é o resultado natural de uma estratégia geopolítica da plutocracia financeira anglo-saxônica em nos destruir? Acredito piamente na segunda hipótese. O Greenpeace e a sua complexa rede de coisas do gênero, continua sendo um dos mais eficientes e perniciosos instrumentos desse verdadeiro aríete anticivilizatório que é o movimento ambientalista. Movimento que não é, de forma alguma, um simples fenômeno sociológico espontâneo decorrente da conscientização sobre um suposto "desequilíbrio" nas relações homem-Natureza, como tentam fazer crer . Na verdade, dura e crua, ele é o produto de um sofisticado e sórdido processo de "engenharia social" desenvolvido pelos principais centros do poder político-econômico global, especialmente a oligarquia sediada no eixo Londres-NY, o autodenominado "Clube das Ilhas". Encabeçado pela família real britânica, a casa de Windsor, o clubinho envolve entidades poderosas, onde destaca-se a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o Fundo Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o Fundo Mundial para a Natureza (anteriormente, Fundo Mundial para a Vida Selvagem - WWF), a Fundação Rockefeller, o Instituto Tavistock, o Instituto Aspen, o Clube de Roma e outras coisinhas do gênero. Todas, entidades com um longo currículo nada nobre de colaboração com o Pentágono e agências de inteligência norte-americanas e inglesas (como a CIA) ao longo da Guerra Fria, contra a estabilidade de nossas instituições. Foram estas mesmas instituições internacionais que financiaram grupos golpistas e desestabilizadoras no Brasil, como o IBES/IBAD, numa verdadeira lavagem celebral de nossas elites. Doutrinação esta que culminaria nas visões mais equivocadas de "nossa" doutrina de Segurança Nacional, que foi responsável pelos desvios ideológicos que confundiram nossos militares patriotas acerca dos verdadeiros inimigos do Brasil. Esse equívoco redundou em anos de ditadura militar, que apenas serviram para denegrir a imagem de nossos militares e abrir caminho para tudo isso que vem acontecendo hoje na Era FHC. No caso específico da atual doutrinação "salva-bichinho", salva-plantinha", o objetivo último é a erradicação da idéia-força do republicanismo como diretriz de organização da sociedade humana e a destruição da sua materialização política: o Estado Nacional soberano, dedicado à promoção do interesse público, do progresso e do bem-estar geral da sociedade. A intenção é substituir o Estado nacional por uma estrutura de "governo mundial" - uma "Nova Ordem Mundial" fascista, baseada no liberalismo radical e no maulthusianismo (do qual o ambientalismo não passa de uma atualização ideológica para ingênuo boçal ver).A instrumentalização política do ambientalismo tem um tríplice finalidade. A primeira e mais importante é a disseminação do irracionalismo e do pessimismo cultural entre a população em geral, fazendo com que esta aceite sem questionamento a subordinação das políticas de promoção do bem-estar e do desenvolvimento socioeconômico a requisitos de "proteção do meio ambiente", geralmente exacerbados e sem fundamento científico. A segunda é favorecer a aceitação da tese fascista do "governo mundial", para a qual os problemas ambientais, reais ou supostos, são perfeitamente adequados, devido à percepção popular de que "o meio ambiente não tem fronteiras" e, portanto, a sua solução dependeria de uma "legislação supranacional" mais facilmente aceitável (e que abra precedentes para outras áreas políticas).A terceira é a manipulação direta de argumentos ambientais para obstaculizar projetos de desenvolvimento, particularmente, no setor de infra-estrutura, como é o caso atual dos projetos hidroviários brasileiros, virtualmente paralisados por uma solerte campanha de pressão baseadas em falsos argumentos ambientais e de "proteção" de comunidades indígenas. O ambientalismo não é um movimento de diletantes, mas uma articulação política de alcance global, voltado contra os Estados nacionais soberanos e a própria essência da Civilização. Essa nova plumagem ambientalista do imperialismo é constituída por um conjunto de famílias aristocráticas da Europa e da América do Norte, que inclui as primeiras casas financeiras da City de Londres e Wall Street, as antigas sócias da famigerada Cia. das Índias Orientais - que tantas desgraças levou a países como a China e a Índia - e as velhas famílias escravocratas do Sul dos EUA. Estas belezas com um currículo humanitário de fazer inveja ao Demo, controlam diretamente o Banco da Inglaterra, o Sistema de Reserva Federal norte-americno, as grandes empresas bancárias, financeiras e seguradoras, os conglomerados alimentícios, as megamineradoras, os oligopólios energéticos, a grande mídia internacional e, de lambuja, as indústrias estratégicas da Europa e América do Norte. Controlam, ainda, as principais organizações do sistema das Nações Unidas, como o Fundo Monetário (FMI), o Banco Mundial (BIRD), a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e, óbvio, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Todas as empresas do esquema atuam em estreita cooperação com os serviços de inteligência da Inglaterra, dos EUA e de Israel, principalmente o primeiro. Em sua cúpula, a Casa de Windsor, a casa real britânica, atua como uma espécie de primus inter pares da cúpula. O "Clube das Ílhas" criou e dirige a gigantesca máquina de propaganda e ação política representada pelo aparato das ONGs ambientalistas. As primeiras delas foram a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), fundada em 1848, e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), criado em 1961. O financiamento para este aparato, cuja organização se intensificou nas décadas de 60 e 70, provém de uma vasta infra-estrutura constituída por mais de 1.000 fundações familiares da América do Norte e da Europa, além de doações de empresas privadas e agências governamentais dos EUA, Canadá e outros países. Entre elas, destaca-se o ultra-seleto "Fundo 1001" para a Natureza (1001 Nature Trust), fundado em 1971 pelo príncipe Bernardo da Holanda, para financiar as atividades do WWF. O "Clube 1001", como é mais conhecido, reúne 1001 membros especialmente convidados, recrutados entre a nata da oligarquia internacional, cada um dos quais paga uma taxa de admissão de 10.000 dólares. A grande maioria dos militantes do ambientalismo foi recrutada entre as fileiras da "Nova Esquerda" e do movimento da contracultura das décadas de 60-70, igualmente promovidos e financiados pela oligarquia. Na época do programa "Aliança para o Progresso" do presidente norte-americano Kennedy, quando o exemplo cubado ameaçava influenciar novos movimentos nacionalistas na América Latina, foram justamente estes setores do "Clube das Ílhas" que ajudou o governo americano. Foram eles que financiaram, por exemplo, a fundação e toda a logística da famosa CEPAL, grupo de estudos formado por lideranças e intelectuais esquerdistas latino-americanos com o objetivo de encontrar fórmulas para o desenvolvimento da região. A Fundação Rockefeller foi a principal fonte de alocação de recursos. Foi justamente nesta época que o senhor FHC "escreveu" seus livretes sociológicos, financiado justamente por esta instituição. Foi naquela época, portanto, que o plano de condicionamento das esquerdas latino-americanas começou, foi naquele contexto que Fernando Henrique e Cia. foi adestrado pela plutocracia mundial. Por isso, nada do que vem fazendo este senhor me surpreende. Hoje, sabemos que muitos outros foram também cooptados, até chegarmos a situação em que chegamos. E o caminho de Lula e do PT, pelas últimas declarações e pelas relações siamesas que têm com as ONGs, não será diferente. Ele está também amestrado. Por isso, não me surpreenderá nada se ganhar a eleição deste ano. Não é por outra razão que a CUT, historicamente associada ao PT, finalmente acordou e não participou do teatro montado pelas ONGs no segundo encontro do Fórum Mundial de Porto Alegre. O controle de todo esse aparato é exercido diretamente pelo "Clube das Ílhas", por intermédio da Casa de Windsor e suas redes. Em um segundo nível, estão as organizações oficiais internacionais (PNUMA, PNUD, etc.), as fundações e corporações financiadoras do movimento. A seguir, como um anteparo entre tais círculos aristocráticos e as ONGs que formam as "tropas de choque" do movimento, encontra-se uma ampla rede de "organizações respeitáveis", dirigidas por "cidadãos acima de qualquer suspeita" (World Resources Institute, Worldwatch Institute, Environmental Defence Fund, Conservation International, etc.). Nos degraus inferiores, começam a aparecer os "aríetes" do movimento, como o Greepeace, Amigos da Terra e outras, cujo grau de radicalismo vai crescendo até se chegar às organizações prototerroristas e abertamente terroristas. Mas qual a base ideológica que subjaze a todo este movimento de poderosos nobres e plutocratas "politicamente corretos"? Além da visão malthusiana travestida de ambientalista, que não admite que outros povos atinjam graus minimamente humanos de civilização, existe alguma filosofia política por trás disso tudo? A resposta é sim! Chama-se permeation, uma estratégia política de dominação, uma atividade de propaganda totalmente peculiar, formada pelo chamado "fabianismo", movimento político-ideológico surgido justamente na Inglaterra em 1883. Formou-se por obra de intelectuais como Sidney Webb, George Bernard Shaw, Annie Besant, Edward Peace, entre outros, que fundaram uma associação privada com a finalidade de "contribuir para a reconstrução da sociedade de acordo com as mais altas possibilidades morais". A associação se inspirou na estratégia contemporizadora usada nas guerras pelo cônsul romano Fábio Máximo, daí o nome fabianismo ou Fabian Society. O movimento fabiano derivou de duas correntes de pensamento: de um lado, a tradição liberal inglesa, transmitida pelos escritos de John Stuart Mill e pelo radicalismo londrino da década de 1880, tributário em grande parte da doutrina positivista francesa; de outro lado, o internacionalismo socialista e as lutas das trade-unions (sindicatos) e do movimento cartista da Inglaterra no século passado. Muitos estudiosos sustentam, portanto, que o fabianismo é um liberalismo inglês não atingido pelo marxismo. A "unicidade" do movimento estava na especialíssima compenetração entre o socialismo não-marxista com a tradição liberal inglesa. Utilizavam uma forma toda peculiar de ação que procurava, ao máximo possível, evitar contatos com as massas populares, embora advogassem avanços sociais para os mesmos (contando que fossem ingleses). Utilizavam-se do que chamavam de permeation como estratégia política, que consistia na tentativa de influenciar as pessoas que ocupassem postos - chaves de poder na sociedade, em todos os níveis e todos os campos: exatamente políticos, professores, diplomatas, empresários e lideranças sindicais, que deveriam ser "permeados" de tal modo que pudessem se engajar em sua causas internacionalistas e sociais. Esses profissionais, assim, poderiam prestar um serviço mais válido à comunidade voltado para a melhoria das condições sociais dos trabalhadores ingleses, mas sempre tendo em vista os interesses da Grã-Bretanha. Nesta atitude elitista, golpista, de ação política baseada na intriga, nos bastidores, não tinham interesses em ocupar cargos públicos, mas apenas de controlar ou manipular os agentes dos cargos públicos. Hoje, o "Clube das Ílhas" transferiu isso para o nível planetário e o Brasil e a América Latina vêm sendo o seu grande laboratório. Os setores estereotipados do PT como "xiitas" sabem disso, por essa razão estão a cada dia mais distantes dos líderes moderados (entenda-se: adestrados) do partido. Parece, no caso brasileiro atual, que as coisas não são apenas coincidentes. É o que explica a verdadeira idéia fixa do Governo Federal em se submeter ao que vem de fora. Mas o assunto é complexo e a rede de intrigas incomensurável. Hoje, estes pseudo-esquerdistas e ecologistas de plantão, “permeados” e no comando de nosso amado País nos mais variados níveis, não governam coisa nenhuma. Na verdade, são garotos de recado destes neo-fabianos malthusianos que nos infligem políticas destrutivas que vêm destruindo nossa família, nossos recursos, nossos sonhos, nosso povo, fato que explica o constante estado de tensão social por que passamos. Vamos acordar brasileiros, a questão da preservação ambiental, preocupação tão óbvia para a nossa preservação, não pode ser usada para fins outros que não o nosso bem. (*) Said Barbosa DiB é professor de História em BrasíliaEmail: saidib@ig.com.br

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A carta do chefe Seattle


"Em 1854, "O Grande Chefe Branco" em Washington fez uma oferta por uma grande área de território indígena e prometeu uma "reserva" para os índios.

A resposta do Chefe Seattle, aqui reproduzida na íntegra, tem sido considerada uma das declarações mais belas e profundas já feitas sobre o meio-ambiente:

“Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A idéia é estranha para nós.
Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?
Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.

Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.

A energia que flui pelas árvores traz consigo a memória e a experiência do meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do homem vermelho.

Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho.
Somos parte da Terra e ela é parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos.
Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, todos pertencem à mesma família.

Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós.
O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar onde poderemos viver confortavelmente.
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra.
Mas não vai ser fácil.
Pois esta terra é sagrada para nós.

A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais.
Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é o sangue sagrado de nossos ancestrais.
Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada, e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisas da vida de meu povo.
O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.

Os rios nossos irmãos saciam nossa sede.
Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem lembrar-se de ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês, e consequentemente vocês devem ter para com os rios o mesmo
carinho que têm para com seus irmãos.
Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras.
Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa.
A Terra não é seu irmão, mas seu inimigo e quando ele o vence, segue em frente.
Ele deixa para trás os túmulos de seus pais, e não se importa.
Ele seqüestra a Terra de seus filhos, e não se importa.

O túmulo de seu pai, e o direito de primogenitura de seus filhos são esquecidos.
Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes.
Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto.
Não sei.
Nossas maneiras são diferentes das suas.
A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho.
Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende.

Não existe lugar tranqüilo nas cidades do homem branco.
Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um inseto.
Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo.
A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos.
E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa.
Sou um homem vermelho e não entendo.

O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito.
O homem branco parece não perceber o ar que respira.
Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.

Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos com toda a vida que ele sustenta.

Mas se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina.

Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.
Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e não entendo de outra forma.
Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um trem que passava.

Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma pode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos.

O que é o homem sem os animais?
Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão do espírito.
Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem.
Todas as coisas estão ligadas.

Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pés é as cinzas de nossos avós.
Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra é rica com as vidas de nossos parentes.
Ensinem as seus filhos o que ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe.
Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra.
Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.

Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence à Terra.
Isto nós sabemos.
Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
Todas as coisas estão ligadas.

Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra.
O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela.
O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.

Podemos ser irmãos, afinal de contas.
Veremos.
De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo.
Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com o homem vermelho quanto para com o branco.
A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezo por seu criador.
Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.

Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algum propósito especial lhes deu domínio sobre esta terra
e sobre o homem vermelho.
Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando os búfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vista das montanhas maduras manchadas por fios que falam.

Onde está o bosque?
Acabou.
Onde está a águia?
Acabou.
O fim dos vivos e o começo da sobrevivência.”

Extraído de The Irish Press, sexta-feira, 4 de junho de 1976.

SEM MEDIDA

Quando o mundo foi criado, para a vida se instalar
Tinha tudo na medida para nada lhe faltar
Tinha o fogo, tinha a terra, tinha a água e tinha o ar
Condição obrigatória para a vida perpetuar

Mas de todos os seres vivos, que vieram pra ficar
Tinha um tal bicho- homem responsável pra cuidar
Pois ele tinha o poder para tudo transformar
Foi ai que não deu certo, pois o poder que foi dado a ele não soube usar

Com a evolução do tempo e o poder na sua mão
A ganância aumentando para dobrar o tostão
Perdeu a noção de tudo metendo os és pelas mãos

E o mundo que era perfeito do jeito que ele foi feito, começou a desmoronar
Com a tecnologia que o bicho-homem criava só fazia piorar
Foi dizimando as matas e as espécies, poluindo nossas águas, limitando o nosso ar

E hoje, o mundo minha gente, está de pernas pro ar
Se o cuidado não for dado e o ser humano não se conscientizar
Está com os dias contados e num futuro bem próximo está prestes a acabar

Quem conseguir sobreviver, verá ...
Rejane Mansur

REPRESA BILLINGS



JC e-mail 2753, de 25 de Abril de 2005.


SP: Represa Billings pode ‘encolher’ 60% em 50 anos

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR

As unidades de conservação podem ser classificadas em dois grandes grupos: unidades de conservação de proteção integral e unidades de conservação de uso sustentável.

As áreas de proteção integral incluem parques nacionais, reservas biológicas, estações ecológicas, monumentos naturais e refúgio da vida silvestre.

Unidades de uso sustentável incluem floresta nacional, áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse ecológico, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de desenvolvimento sustentável e reservas particulares do patrimônio natural.

PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR

O meu levantamento tem como objetivo falar da unidade de conservação do Parque Estadual Serra do Mar, que abrange um pedaço de São Bernardo do Campo que fica próximo da minha região que é Diadema, e porque eu sou apaixonada por este Parque, que abriga remanescente da Mata Atlântica.

Criado em 30 de agosto de 1977 pelo Decreto 10.251, possui mais de 315 mil hectares é a maior Unidade de Conservação de Proteção integral da Mata Atlântica. É protegido pela UNESCO pelos monumentos protegidos CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico Caminho do Mar).

Abriga oito núcleos administrativos e se estende de Ubatuba, na divisa com o estado do Rio de Janeiro até o município de Pedro de Toledo, no litoral sul passa por 23 cidades do estado de São Paulo.

Existem três zonas especiais: a Zona de ocupação temporária; Zona histórico cultural antropológico; e a Zona de uso Conflitante.

É importante para as áreas vizinhas porque ajuda no equilíbrio climático da região do ABC, ajuda proteger a fauna e aflora da região ( proteção do ecossistema), existe o Parque Caminho do Mar que ajuda na Educação Ambiental e conservação dos monumentos ali existentes, pesquisas que podem ajudar na descoberta de medicamentos até então desconhecidos, reservas de mananciais que é tão importante para a vida já que é responsável por 80% da água que abastece a região da Baixada Santista.

MAPAS PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

http://www.biota.org.br/iRead?57+livros.biota+125

http://www.iflorestsp.br/Fotos%20das%20Unidades%20de%20Conserva%E7%E3o/ImagensUCSP_arquivos/frame.htm

http://www.cenedcursos.com.br/unidades-de-conservacao.html

http://www.unifap.br/ppgbio/doc/06_rylands_brandon.pdf

EDUCAÇÃO AMBIENTAL É IDEOLÓGICA

Minha contribuição para a sociedade

A educação ambiental ela não é neutra mais sim ideológica, porque envolve vários setores econômicos e políticos de um país e valores passados para estas pessoas que até então tiveram uma educação tradicional voltada apenas para a exploração dos recursos naturais. Desde a época da colonização no Brasil, Portugal sempre procurou fazer uma colonização de exploração levando as nossas matérias-primas para Portugal e depois enviadas para a Inglaterra que ajudou na acumulação primitiva do capital que deu inicio a Revolução Industrial neste país. Até então ninguém pensava em Meio Ambiente, em um mundo mais sustentável, poluição, maneiras de se consumir mais sem resíduos que poluíssem, mas o único pensamento que vigorava nesta época era o lucro que este tipo de exploração dava aos países e aos capitalistas.

Quando a gente lê a história da Educação Ambiental percebemos que ela não é tão recente quanto pensava, o termo que começou a se usado em 1948 em um encontro da União Internacional para Conservação da Natureza na França ( p.5). Apesar de seu termo já ter sido usado no Brasil pelo movimento conservacionista que surgiu com José Bonifácio de Andrada no século XIX (p.9), existiu várias tentativas governamentais de institucionalizar a Educação Ambiental criando em 1973 a Secretária Especial do Meio Ambiente (SEMA), em 1981, com a política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e a inserção na Constituição Federal de 1988 a necessidade de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino( p.10), foi criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA), IBAMA e várias outras tentativas governamentais de institucionalizar o tema. Mas essas instituições acabam barrando na burocracia ou “burocracia” de alguns prefeitos e governadores que estão preocupadas apenas em utilizar os recursos naturais ao extremo e alegam que precisam de dinheiro. A pecuária, a extração de madeiras e grandes empreendimentos principalmente imobiliários são os grandes responsáveis pela devastação do Meio Ambiente. Políticas efetivas e punitivas também acabam favorecendo com que as leis ambientais não sejam cumpridas e punidas. Por outro lado temos briga do agronegócio que vê a devastação ambiental como progresso e dão a desculpa de que precisam alimentar o mundo. Essa é uma questão ideológica que é muito difícil de entender porque todos se acham corretos em suas afirmações.

Em algumas leituras observei que culpam também o INCRA e o MST por descumprirem a lei e devastarem além do recomendado, visto que o INCRA é responsável pelos assentamentos, as pessoas que formam o MST precisariam ter uma educação ambiental voltada para um mundo mais sustentável, e somente educação pode mudar a consciência das pessoas, mostrando que se pode ter lucro e viver bem e com qualidade ao mesmo tempo sem destruir a natureza. E uma das apostas é investir em tecnologia, visto que o consumo exerce uma pressão muito forte sobre os recursos naturais.

Um dos casos mais preocupantes creio eu, está em Mato Grosso, que é tido como uns dos estados que mais desmatam e agridem o meio ambiente, e o governador Blairo Maggi é um dos maiores produtores de soja desta região? O desafio é como planejar o desenvolvimento dessas regiões sem agredir o meio ambiente. A floresta em pé tem que valer mais do que ela destruída, como vivemos em uma sociedade capitalista não preocupada com o meio ambiente o poder público tem que fiscalizar e cumprir sua função, e a escola tem que trabalhar no sentido de conscientização das crianças para que o futuro delas estejam garantido na Terra. Segundo Pitágoras “eduque as crianças para que não se precisem punir os adultos”.

A minha atuação na escola contribui quando eu não só penso em ensinar o conteúdo que me foi outorgado pelo Estado de São Paulo no governo José Serra, e sim também trabalhar alguns conceitos críticos que estão na mídia e que precisam de uma análise mais critica e objetiva, como meio ambiente, ética, valores, cidadania, política, sociedade e outros assuntos pertinentes, como professora procuro mediar o conhecimento e procuro contribuir para uma transformação social no meio em que vivo e trabalho sei que não é muito e estou procurando me atualizar para poder contribuir mais ainda para a sociedade.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

Um olhar sobre EA no Brasil

Ao observar a relação entre pobreza e meio ambiente na cidade onde moro observo a intrínseca relação entre os dois. Infelizmente a educação ambiental não é conhecida pela maioria das pessoas, que tem um distanciamento entre o meio ambiente e a consciência ambiental de preservação e sustentabilidade.

Quando se tem um olhar crítico para essas comunidades, tem se notado como o urbano não planejado degrada o meio ambiente, onde moro os córregos foram canalizados e os que não foram na área de várzea foi ocupado ilegalmente e o esgoto é jogado sem nem um tratamento, não existe áreas verdes e as raríssimas praças quase não tem árvores, as pouquíssimas áreas verdes estão sendo ocupadas com construções de casas, não se tem coleta seletiva do lixo e nem um tipo de projeto tanto de nível publico como privado na área de Educação Ambiental a população não esta inserida neste conceito criticosocial sobre a realidade ambiental em que se esta em evidencia hoje, a realidade vigente capitalista consumista faz com que as pessoas adquiram produtos sem se preocupar com o processo final deles, a contaminação do solo pela decomposição do lixo, a poluição dos rios e a devastação ambiental entre outros tipos de poluição, o desperdício da água tratada e energia elétrica, sujeira e entulhos nas ruas obstruindo as galerias de água, para mudar essa realidade e não ficar apenas na projeção é preciso haver uma interferência no bairro, tanto por meio do poder público como por projetos de ONGs ou terceiros.

Quando começou a Educação Ambiental era confundida com ensino de ecologia, distanciando o contexto da pratica das pessoas. Na década de 90, os movimentos ambientalistas passam a exercer forte influência nos movimentos sociais, o principio da educação crítica cresce junto com os movimentos de educação de jovens e adultos.

Para Paulo Freire, é preciso fortalecer aqueles sem poder, por meio da transformação socioambiental, minimizando as desigualdades e as injustiças sociais, com relação á Conferência de Tbilisi, realizada na Geórgia, em 1977 ela chama a atenção para a articulação dinâmica entre o local e o global, para entender o meio ambiente é preciso contextualizá-lo (TRISTÃO, 2004).

Nesse texto percebe-se que deve haver uma contextualização do meio para que as populações que vivem em áreas marginalizadas possam estabelecer uma relação entre o meio ambiente e um ambiente mais sustentável, não podemos esquecer-nos da omissão dos poderes executivos em projetos e conscientização dessa população. Para que possamos mudar o mundo é preciso começar pelo bairro onde moramos, e ou trabalhamos compreendendo as relações sociedade-natureza e de intervir nos problemas e conflitos socioambientais, esse trabalho tem que incluir também as pessoas que não se identificam com o modelo da Educação Ambiental e mudança de atitudes.

REFERÊNCIA

PROCESSO FORMADOR EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL A DISTÂNCIA. Módulo 2: educação a distância, educação ambiental – Brasília: Ministério da Educação, Secretária da Educação continuada, 2009.

OCEANOS SATURADOS DE DIÓXIDO DE CARBONO


Oceanos estão saturados de dióxido de carbono, diz pesquisa
Segundo estudo publicado na Nature, apesar do crescimento na quantidade total de carbono absorvido, capacidade de retenção dos mares está diminuindo
REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA FAPESP 4/12/2009 -
Um estudo realizado nos Estados Unidos estima que os oceanos absorveram um recorde de 2,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono resultantes da queima de combustíveis fósseis em 2008. Com o aumento na quantidade total de emissões, entretanto, a proporção absorvida pelos oceanos desde 2000 caiu em cerca de 10%. Liderado por Samar Khatiwala, da Universidade Columbia, a pesquisa foi publicada na edição desta quinta-feira (19) do periódico científico Nature. Os oceanos têm um papel fundamental na regulagem climática, retendo cerca de um quarto de todo o dióxido de carbono lançado pela ação humana.
Agora, segundo o estudo de Khatiwala, os oceanos chegaram ao limite, tanto físico como químico, de sua capacidade de absorver o dióxido de carbono. Modelos climáticos desenvolvidos anteriormente já haviam previsto essa diminuição, e esta nova pesquisa quantifica a queda. “Quanto mais dióxido de carbono, mais ácido fica o oceano, reduzindo a capacidade de manter o CO2”, disse Khatiwala. “Por causa dessa consequência, com o tempo o oceano se torna um repositório menos eficiente. A surpresa é que podemos estar diante das primeiras evidências disso.”

Segundo o estudo, o acúmulo de carbono industrial nos oceanos aumentou enormemente na década de 1950, à medida que os oceanos passaram a tentar acompanhar o ritmo acelerado das emissões em todo o mundo. As emissões continuaram a crescer e, no ano 2000, atingiram tal volume que os oceanos passaram a absorver menos CO2 proporcionalmente, ainda que o total em peso tenha continuado a aumentar. Os oceanos mantêm cerca de 150 bilhões de toneladas de carbono industrial, um terço a mais do que em meados da década de 1990.
Abaixo matéria de março de 2009-12-07
Oceanos estão tão ácidos como na era pré-histórica
TER, 10/03/09
POR JARINI |
A poluição deixou os oceanos tão ácidos quanto na era dos dinossauros.
Caso as emissões de gás carbônico continuem no padrão atual, o mundo deve enfrentar uma onda de extinção em massa. Recifes de corais e animais com conchas devem ser os mais afetados. Alerta foi feito em um estudo apresentado hoje, na Dinamarca, durante a abertura de um encontro paralelo do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC).
A abertura da reunião foi marcada pelo pessimismo. Muitos dos cientistas participantes afirmam que as previsões feitas no último relatórios do IPCC, em 2007, não foram precisas. O futuro vai ser muito pior do que foi divulgado. Conter o aumento de temperatura do planeta em apenas dois graus parece ser uma realidade cada vez mais distante. O estudo sobre a acidez nos oceanos seria apenas um exemplo de previsões que não foram contempladas pelo último relatório do painel e devem ser analisadas esta semana.
A pesquisa divulgada hoje é da Universidade Bristol, na Inglaterra. Uma prévia publicada pelo jornal The Guardian mostrou alguns aspectos assustadores sobre como o aumento da acidez nos oceanos deve modificar a vida no planeta. Os pesquisadores mostram que a atual taxa de acidificação dos oceanos só é comparada a níveis pré-históricos, algo como 65 milhões de anos atrás, quando uma grande liberação de gases do efeito estufa por atividades vulcânicas causou a extinção em massa das espécies de águas profundas. A vida marinha do Ártico e da Antártica já são afetadas por essa poluição. Os ruídos causados por navios e sondas marinhas também estão sendo amplificados pelo aumento da acidez. Esse barulho afetaria diretamente espécies migratórias como tartarugas, baleias, golfinhos e atuns.
Os cientistas afirmam que caso se as emissões de gás carbônico não forem contidas os oceanos vão se tornar locais inóspitos e com pouca biodiversidade. Um problema para um mundo onde grande parte da pesca e alimentação depende dos mares. “Corremos o risco de sermos lembrados como uma civilização que teve a sabedoria para desenvolver alta tecnologia, mas não desenvolveu sabedoria para usá-la”, disse Ken Caldeira, especialista em oceanos do Instituto da Califórnia.
(Juliana Arini)
12/08/2008 - 17:06 - ATUALIZADO EM 30/05/2009 - 01:30
O mar vai ficar sem peixes?
Cientistas dizem que o efeito estufa deixa o oceano mais ácido. E isso destrói a vida marinha
ALEXANDRE MANSUR
LARA HANSEN

POSIÇÃO - Cientista-chefe do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) nos Estados Unidos. Monitora áreas naturais das Ilhas Fiji, Indonésia, Belize e Filipinas

O QUE FEZ - Trabalhou na Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA

A bióloga Lara Hansen é cientista-chefe do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) nos Estados Unidos e uma das maiores especialistas no impacto das mudanças climáticas na vida aquática. Quando criança, passava o verão nadando em lagos cercados por florestas no Estado do Michigan, onde cresceu. “Não gosto nem de pensar que meu filho, hoje com 2 anos, não vai poder nadar naqueles lagos quando crescer”, diz. Lara sabe que, segundo as pesquisas, o aquecimento do planeta poderá reduzir o volume de água disponível. Mas sua maior preocupação é com os oceanos. Eles estão absorvendo o excesso de gás carbônico que jogamos na atmosfera. E ficando mais ácidos. Se a tendência continuar, segundo alguns estudos, até o fim deste século apenas lulas e águas-vivas sobreviverão no mar.
ÉPOCA – Como o aquecimento global pode afetar a vida nos oceanos?
Lara Hansen – Os oceanos estão numa situação bem complicada, por causa de dois processos centrais. Primeiro, a temperatura do oceano está subindo. Segundo, a maior parte do gás carbônico que lançamos na atmosfera é absorvida pelo mar, e não pela Amazônia, como as pessoas pensam. No mar, esse gás vira ácido carbônico. É um ácido fraco. Mas sua concentração está aumentando tanto que os oceanos estão ficando mais ácidos. Esse processo preocupa porque, mesmo depois que pararmos de jogar tanto gás carbônico de nossas chaminés, o oceano vai continuar absorvendo o excesso da atmosfera.
ÉPOCA – Qual é a conseqüência disso?
Lara – Como bióloga marinha, você aprende nas aulas básicas de Oceanografia que a acidez do oceano é estável pela quantidade de água envolvida. Tínhamos medo de mudar a acidez de lagos e rios por causa da chuva ácida, que é outro problema. Mas ninguém pensava que a acidez dos oceanos poderia ser alterada. Nós temos alguns estudos de lagos, mas espécies marinhas são muito diferentes, porque elas lidam com níveis de acidez estáveis, e simplesmente não sabemos o que isso vai significar. Medições feitas entre 1751 e 1994 mostram que, nos últimos 50 anos, o grau de acidez do mar, em pH, aumentou 0,1 ponto. Isso é medido em escala logarítmica. É como se tivesse aumentado 13 vezes. Até o fim deste século, a projeção é para um aumento de 300 vezes na acidez. Em determinado momento, a água fica tão ácida que dissolve o carbonato de cálcio e impede a formação de conchas.
ÉPOCA – Quando isso vai começar a acontecer?
Lara – Ainda não sabemos. Algumas projeções mostram que, se o processo continuar, em 2065 os recifes não poderão mais formar seu esqueleto. Pode ser antes. Os crustáceos, como camarões e lagostas, também poderão ser afetados. Eles terão dificuldades para reunir as substâncias necessárias para construir seus esqueletos, a calcita e a aragonita. Há estudos recentes feitos com corais. Mostram que, a partir de certo ponto, eles deixam de se formar e até começam a se desmanchar na água.
ÉPOCA – Você poderia imaginar um oceano sem camarões?
Lara – Não. Eu não posso imaginar um oceano sem carbonato de cálcio. A vida no mar é baseada nessa substância. A cadeia alimentar depende dela. Peixes têm esqueleto. Tudo utiliza carbonato de cálcio, seja um esqueleto interno ou externo. Até alguns tipos de fitoplâncton precisam de cálcio. Só espécies como esponjas provavelmente sobreviveriam sem ele. Só que essas espécies têm outros limites, como a temperatura. Segundo um estudo da Universidade de San Diego (nos Estados Unidos), no ritmo atual, um dia o mar todo terá apenas lulas e águas-vivas.
ÉPOCA – Será que esses estudos não estão desprezando a capacidade que as espécies têm de se adaptar?
Lara – O problema é que essas mudanças estão acontecendo rápido demais para os mecanismos de mutação e seleção natural. A adaptação evolutiva é um processo mais lento. Você pode esperar que as espécies tenham alguma habilidade inerente para se aclimatar a mudanças, mesmo sem modificações genéticas. Mas a velocidade do que estamos vendo agora é muito intensa. Vimos isso em um projeto em parceria com o pesquisador Jay Malcom, da Universidade de Toronto, no Canadá. Estudamos grandes regiões naturais do planeta para avaliar em que velocidade as plantas terão de migrar para zonas mais frias e compensar o aquecimento climático. Elas não andam, naturalmente. As espécies lançam sementes, que vão brotando em áreas mais quentes, acompanhando a mudança do clima. No último período glacial, entre 50 mil e 14 mil anos atrás, as espécies conseguiram se deslocar no máximo 500 metros por ano. Acontece que, na maioria das regiões que analisamos, o aquecimento será tão brusco que as plantas teriam de migrar mais rápido que isso. Em 70% das regiões estudadas, as árvores teriam de migrar 1.500 metros por ano. Não há registro de nada parecido no passado. Nem nos estudos paleológicos de mudanças climáticas que ocorreram há milhões de anos.
Os manguezais ajudam a proteger os corais. Também reduzem os danos das tempestades

ÉPOCA – Por que essas árvores não se adaptaram ao novo clima?
Lara – A adaptação leva muito tempo porque os genes dos adultos têm de ser selecionados pela incapacidade de reprodução de sua prole. Para isso, você tem de atravessar um ciclo de vida completo. Espécies com ciclo curto, como bactérias ou tipos de capim, podem se adaptar mais rápido. Mas, se você pensar em sequóias, com milhares de anos de idade, ou tartarugas, com centenas de anos, fica mais difícil. As próximas gerações dessas espécies levam tanto tempo para entrar em idade reprodutiva que um pequeno ganho genético não consegue compensar a mudança no clima.


ALIMENTO
Atuns no mercado de Tóquio. A acidificação do mar poderá afetar a estrutura óssea dos peixes
ÉPOCA – Essa deterioração dos oceanos já pode ser percebida de alguma forma?
Lara – Eu já vi isso. Quando fiz meu pós-doutorado na Flórida, estudei duas espécies de corais. Elas eram esparsas no Caribe. Mas você podia achá-las e até coletar pedaços para fazer análises. Agora, as duas espécies estão na lista de ameaçadas. Praticamente desapareceram. Outro dia tentei usá-las para ilustrar uma apresentação. Não consegui encontrar nem fotos boas desses corais. Eu não podia mergulhar para fotografá-los porque ninguém mais os encontra. E eram espécies que constituíam a maior parte da estrutura dos recifes de corais. As principais ameaças aos corais são a temperatura em elevação no mar, a susceptibilidade crescente a doenças e a força dos furacões. E hoje sabemos que essas três coisas estão relacionadas às mudanças climáticas.
ÉPOCA – Ainda dá para fazer algo para salvar os corais?
Lara – Mesmo que o aquecimento global seja, em alguma medida, já inevitável, é possível reduzir ou adiar os danos aos corais. Estamos restaurando ou protegendo as áreas de manguezais nos locais onde fazemos pesquisas. Primeiro, os mangues produzem compostos orgânicos que reduzem a incidência de radiação ultravioleta, um dos fatores de descoloração dos corais. Os mangues também diminuem o escoamento de nutrientes da terra firme para o mar. Esses nutrientes, em altas concentrações, incentivam a proliferação de algas que prejudicam os corais.

ÉPOCA – Por que se fala tanto na conservação dos corais? Eles são tão importantes ou é mais uma questão estética?
Lara – É nos corais que se reproduz a maior parte das espécies de peixes, inclusive os que têm valor comercial. Espécies ameaçadas, como as tartarugas marinhas, também dependem dos nutrientes que os corais fornecem. Além disso, as formações de corais ao longo da costa criam uma espécie de barreira que protege o litoral das tempestades. Existem estudos recentes mostrando que, após o tsunami de 2004, as comunidades que tinham recifes de corais bem protegidos ou mangues conservados conseguiram se recuperar melhor que as outras. Os corais e os mangues reduziram o impacto destruidor das ondas do tsunami.